Mulheres no mercado imobiliário: um panorama
Se você trabalha no mercado imobiliário há muitos anos, provavelmente notou o aumento significativo da presença feminina na área. Inclusive, foi apenas em 1958 que mulheres puderam exercer oficialmente a profissão de corretoras de imóveis.
Tanto anos depois, chegamos a um patamar de 30% de presença feminina na área, segundo o COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis).
Foi em busca de um panorama sobre a atuação feminina no mercado imobiliário que Raquel Trevisan, Mulheres do Imobiliário, Alice Oleto e a Datastore se juntaram para desenvolver uma pesquisa de alcance nacional
Foram 853 questionários aplicados durante o período de um ano (2020), a fim de compreender melhor o cenário de quem são essas mulheres, onde e como elas trabalham e, claro, quais são seus maiores desafios – enquanto mulheres – num ambiente historicamente masculino.
Aqui, você encontra os principais dados encontrados na pesquisa. Para acessar o relatório completo acesse nosso portal de conteúdos ricos.
1. Quem são as mulheres do mercado imobiliário
Aqui neste texto, trazemos os dados gerais, um compilado nacional. No entanto, é importante compreender a distribuição das entrevistadas pelo Brasil: ao todo, 58% dos questionários foram aplicados na região sudeste e 33% no sul; as regiões norte e nordeste, juntas, somam 6% da pesquisa realizada.
Dado isso, podemos seguir com uma imagem de quem são as mulheres que trabalham no mercado imobiliário brasileiro:
Idade
Para começar, olhamos para a idade dessas mulheres: 39 anos em média; e 68% têm entre 30 e 49 anos.
Etnia autodeclarada pelas entrevistadas
73% brancas;
22% pretas ou pardas;
4% amarelas;
1% indígenas
Mulheres, renda e família
42% das mulheres entrevistadas são casadas e 58% são mães. Um dado interessante (e triste) aqui é que 44% das mães sentiram dificuldades para voltar ao trabalho após a maternidade.
De todas as entrevistadas, também 58% são as provedoras da família. Quando olhamos para a renda, vemos que 44% das entrevistadas contribuem com, no mínimo, metade da renda familiar total e a maioria ganha entre R$3.000 e R$6.000.
2. Carreira feminina no setor imobiliário
Apesar do tempo médio de experiência das entrevistadas ser aproximadamente 14 anos no mercado imobiliário, é interessante observar que 57% das mulheres têm até 10 anos de experiência; isso nos dá uma ideia do recente movimento de inserção das mulheres no mercado imobiliário. Vale dizer também que cerca de 78% possuem, no mínimo, o ensino superior completo.
Das entrevistadas, 44% atuam em imobiliárias, 20% em incorporadoras e construtoras; o restante está dividido entre loteadoras, prestadoras de serviço, etc.
Nessas empresas, elas ocupam cargos variados, sendo 17% corretoras de imóveis e 40% em cargos de gestão: sócias, coordenadoras, gestoras, executivas, etc. Os regimes de trabalho também variam; 46% delas trabalham sob o regime CLT, 32% MEI e 22% como autônomas;
Sobre a divisão entre homens e mulheres nessas empresas, 60% afirma que trabalha em ambientes com, no mínimo, metade de mulheres no quadro de funcionários. No entanto, esse número não é refletido quando observamos quem mais ocupa os cargos de poder:
Na perspectiva delas, apenas em 28% dos lugares, mulheres ocupam mais cargos de poder do que homens e apenas em 21% há equilíbrio entre gêneros na liderança.
Como está a satisfação profissional das mulheres do mercado imobiliário?
Quando olhamos para o quão satisfeitas estão essas mulheres, vemos um quadro diverso. Apesar de 81% terem dado notas acima de 6 (de 0 a 10), 20% delas avaliaram a experiência abaixo da nota 5. Sendo a média, 7,3.
88% vida pessoal
Sobre os itens mais importantes para a satisfação, apareceram:
- 1º lugar remuneração;
- 2º oportunidade de crescimento;
- 3º reconhecimento profissional;
Como elas veem o trabalho das mulheres no setor imobiliário:
Praticamente todas elas reconhecem a conquista de espaço feminino na área, mas 87% também alega que apesar de mulheres serem decisivas na compra, não são procuradas para negociação. Além disso, há uma percepção comum (61%) de que mulheres são constantemente interrompidas e desconsideradas no ambiente de trabalho.
3. Sobre equidade entre homens e mulheres no mercado imobiliário
Quando perguntadas se mulheres têm as mesmas oportunidades no mercado de trabalho imobiliário que homens, 61% disse que não. Os 39% que responderam sim, levantaram a bandeira da igualdade de oportunidade e competência, mas dessas, apenas 4% afirmou equidade, ou seja, que há equilíbrio na remuneração, reconhecimento e valorização.
Dos 61% que disseram não ter as mesmas oportunidades, praticamente todas as mulheres alegaram sofrer com conservadorismo, falta de representatividade e disparidade na remuneração.
Situações constrangedoras que mulheres passam no ambiente de trabalho
Cerca de 6 em cada 10 das mulheres entrevistadas já passaram por alguma situação constrangedora, de assédio e/ou agressão no ambiente de trabalho, seja por pares, superiores ou clientes.
Quanto ao tipo de constrangimento, 40% das situações são de assédio sexual e 60% contempla situações de assédio moral, bullying e machismo. Quanto à recorrência, 31% diz ter passado várias vezes por situações assim e 56% diz ter passado mais de uma vez.
Das 488 mulheres entrevistadas que sofreram esses casos, apenas 13% denunciaram os assédios sofridos. De quem não denuncia, a maioria não o faz por medo e insegurança. Já das que levaram suas denúncias para frente, a maioria não chegou a um desfecho satisfatório. O que, infelizmente, valida o medo e a insegurança da grande parte das vítimas.
Vale dizer que um ambiente de trabalho insalubre compromete não só o desempenho das mulheres em seus objetivos profissionais, como também refletem negativamente na sua vida pessoal e na construção de um mercado imobiliário diverso, inclusivo e inovador.
Como está a saúde dessas mulheres
Apesar do ambiente de trabalho não ser a única causa, é inevitável não relacionar as questões de insalubridade relatadas pelas entrevistadas com os altos números de problemas de saúde emocional.
Ainda que os casos não representem uma causa direta desses fenômenos, afinal são reflexo de comportamentos sociais, a insegurança no ambiente de trabalho certamente pode ser somada às causas que levam a certos transtornos como ansiedade, depressão e pressão alta.
Somam-se às inseguranças trazidas no último tópico, a cobrança opressiva sobre a imagem da mulher no mercado imobiliário, posição afirmada por 97% das entrevistadas.
Dado esse contexto, quando olhamos para a saúde geral das mulheres, encontramos 76% delas em tratamento contínuo para algum problema de saúde. Desses tratamentos, 38% são para transtornos de ansiedade ou estresse excessivo.
No portal do Movimento ZAP+ você tem acesso a mais informações sobre a pesquisa desenvolvida pelas Mulheres do Imobiliário. Confira!
Bônus: mulheres influentes admiradas
Top 5 mulheres famosas e influentes, segundo a pesquisa. Que tal acompanhar o trabalho dessas mulheres incríveis?
- 1º Michelle Obama | advogada, escritora e ex-primeira dama dos Estados Unidos
- 2º Luiza Trajano | empresária brasileira que comanda rede lojas de varejo Magazine Luiza
- 3º Raquel Trevisan | Gerente de Marketing Corporativo na Imóveis Crédito Real, Youtuber no Canal “E Agora Raquel?”
- 4º Elisa Tawil | Fundadora do Mulheres do Imobiliário, Colunista Exame, HSM e Imobi Report, Autora de “Proprietárias. A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário”
- 5º Oprah Winfrey | Apresentadora de TV Americana e uma das pessoas mais influentes do mundo
Equidade de gênero: um problema de todas e todos
Não faz muito tempo que o setor começou a olhar para o papel feminino na decisão de compra de um imóvel com outros olhos. Analisando a questão de gênero na busca por um imóvel, ficou aparente que hoje as mulheres desempenham muito mais decisivo e independente.
Agora, também entendemos melhor os desafios e obstáculos que as mulheres que trabalham nesse mercado enfrentam. É preciso conhecer para mudar, tanto questões materiais como a ocupação de cargos de liderança, até pontos menos palpáveis (mas ainda assim doloridos) como o tratamento díspar no ambiente de trabalho.
Sabemos que há muito a se comemorar na evolução do papel feminino no mercado imobiliário! Mas, também sabemos que a jornada ruma à equidade de gênero no mercado de trabalho é longa e exige participação de todos e todas.
E vocês, como vêem a participação das mulheres como corretoras de imóveis?
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