Elisa Rosenthal: Chegou a hora de cuidar de quem cuida de nós
Foi durante a primeira semana do mês de junho que um post publicado nas redes sociais por Martha Gabriel, ícone em tendências e inovação e uma das principais pensadoras digitais do Brasil, chamou a atenção ao destacar o estudo publicado pela Social Psychiatry sobre as profissões que apresentam o maior índice de depressão. Surpresa ou não, em segundo lugar está a corretagem imobiliária.
O estudo destacou como potenciais para a depressão as atividades que envolvem baixo nível de controle sobre o trabalho, pouca atividade física durante o exercício da profissão, altos níveis de conflito entre trabalho e família e muito esforço para pouco reconhecimento.
Fato é que, independentemente dos desafios já conhecidos na corretagem imobiliária, a covid vem contribuindo – e muito – com prejuízos à saúde mental também em nosso setor.
Só no primeiro ano da pandemia houve um aumento global de 25% nos casos de depressão e ansiedade, segundo um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além da doença em si, condições como o isolamento social, perdas financeiras, medo e luto estão por trás desse crescimento.
Esse quadro traz impactos na vida pessoal e profissional e o ideal é que os profissionais afetados sejam diagnosticados e devidamente tratados o quanto antes.
Para isto, o papel das empresas como aliadas neste processo é essencial e, ao olharmos para os profissionais autônomos, encontramos um grande desafio neste apoio. Onde está a atuação das entidades patronais neste processo?
A Síndrome do Esgotamento Profissional, popularmente conhecida como burnout, virou doença em 2022 ao ser incluída no Código Internacional de Doenças (CID) da OMS e é mais um fator de contribuição para nos atentarmos aos casos de ansiedade, pânico e depressão causados pelo esgotamento mental, angústia, solidão, crise financeira, insegurança e medo em relação ao futuro – sentimentos acentuados pela crise sanitária.
Mulheres corretoras estão afetadas
É muito importante realizarmos o recorte de gênero, como mostra a pesquisa Raio-x da Corretora realizada pelo DataZap+ , que identificou, de forma geral, que cerca de 7 em cada 10 corretoras atuam como autônomas e que 79% das entrevistadas não possuem outra atividade complementar.
+ Elisa Rosenthal: o importante papel das mulheres na corretagem imobiliária
Outra importante análise no recorte de gênero foi medida pela pesquisa “IRA – Índice Regional de Assimetrias”, realizada pelo Ipefem, em parceria com o Instituto Mulheres do Imobiliário, apontando que:
9 em cada 10 mulheres sofrem machismo dentro do trabalho na construção civil e no segmento imobiliário, e a maioria delas, 65%, de forma muito frequente – mais de três vezes por semana.
O estudo ainda detalha que, das sete atitudes machistas avaliadas, as duas mais comuns são “manterrupting” e “mansplaining”: 84,5% das participantes já passaram por essas situações em algum momento e mais da metade declarou ter passado pela situação muitas vezes.
No recente e-book produzido pela HSM Management, em parceria com o Zenklub veio o alerta:
“Num país com desemprego recorde, luto coletivo e mudanças significativas nas dinâmicas de trabalho: com a adesão massiva ao home office, colaboradores encontraram dificuldades para estabelecer limites de horário e espaço entre a vida pessoal e a profissional, o que gerou longas jornadas de trabalho.
O momento também foi (e ainda é) marcado pela hiperconectividade e pelo chamado tecnostress, gerado pela necessidade de aprender a usar recursos tecnológicos (para fazer reuniões online, por exemplo). É fácil entender por que as pessoas chegaram ao limite.”
Com a digitalização dos processos e ferramentas que envolvem o exercício da corretagem e a instabilidade econômica com a alta taxa de juros deste ano, fica aqui um alerta para os profissionais, empresas e instituições que olham por todos nós. Cuidem-se.
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