Como atender a diversidade no mercado imobiliário?

O Brasil é um dos países que mais mata pessoas por homofobia e tem o maior registro de homicídios de pessoas trans. Sem mencionar os incontáveis casos de violência física, moral e psicológica. Apesar dos avanços, a população LGBTQIA+ ainda enfrenta desafios no mercado de trabalho, na educação, no acesso à saúde, entre outros. E isso, com certeza, também tem seu impacto no mercado imobiliário. Vamos te explicar porquê.
O mercado imobiliário, muitas vezes e na maioria delas, é moldado para atender um casal formado por um homem ou uma mulher, com um filho ou filha e, no máximo, um cachorro ou gato de estimação. Mas será que isso é realmente suficiente para ser um setor efetivo e, mais do que isso, inclusivo? Nós acreditamos que não.
Uma pesquisa realizada pelo MPSP em 2020, mostrou que 49,51% da população LGBTI+ moram em imóvel próprio que já está quitado, 40,69% moram em residência alugada, 8,75% vivem num local financiado e que ainda estão pagando, 0,58% vivem num local cedido por pessoa empregadora e 0,46% vivem em outra condição.
Muitas vezes os próprio corretor de imóveis se pega sem saber como agir quando atende o público LGBTQIA+, e nós sabemos que isso se deve, também, a falta de preparo e informação.
Para você, o que pode ser feito nessas ocasiões e direcionado para o público em questão? Como um corretor pode buscar ser melhor e ainda mais inclusivo para atender ao público LGBTQIA+? Confira a seguir as dicas que preparamos para lhe ajudar:

1. Entenda o movimento e o significado da sigla LGBTQIA+
LGBTQIA+ é o movimento político e social que defende a diversidade e busca mais representatividade e direitos para essa população. O seu nome demonstra a sua luta por mais igualdade e respeito à diversidade. Cada letra representa um grupo de pessoas, a seguir:
L = Lésbicas
São mulheres que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outras mulheres.
G = Gays
São homens que sentem atração afetiva/sexual pelo mesmo gênero, ou seja, outros homens.
B = Bissexuais
Diz respeito aos homens e mulheres que sentem atração afetivo/sexual pelos gêneros masculino e feminino.
Ainda segundo o manifesto, a bissexualidade não tem relação direta com poligamia, promiscuidade, infidelidade ou comportamento sexual inseguro. Esses comportamentos podem ser tidos por quaisquer pessoas, de quaisquer orientações sexuais.
T = Transgênero
Diferentemente das letras anteriores, o T não se refere a uma orientação sexual, mas a identidades de gênero. Também chamadas de “pessoas trans”, elas podem ser transgênero (homem ou mulher), travesti (identidade feminina) ou pessoa não-binária, que se compreende além da divisão “homem e mulher”.
Q = Queer
Pessoas com o gênero ‘Queer’ são aquelas que transitam entre as noções de gênero, como é o caso das drag queens. A teoria queer defende que a orientação sexual e identidade de gênero não são resultado da funcionalidade biológica, mas de uma construção social.
I = Intersexo
A pessoa intersexo está entre o feminino e o masculino. As suas combinações biológicas e desenvolvimento corporal – cromossomos, genitais, hormônios, etc – não se enquadram na norma binária (masculino ou feminino).
A = Assexual
Assexuais não sentem atração sexual por outras pessoas, independente do gênero. Existem diferentes níveis de assexualidade e é comum essas pessoas não verem as relações sexuais humanas como prioridade.
+
O símbolo de “mais” no final da sigla aparece para incluir outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-heteronormativo, mas que não aparecem em destaque antes do símbolo.
2. Chame seu cliente pelo nome social e pronomes correspondentes
O nome social reflete o gênero pelo qual a pessoa se reconhece e deve ser respeitado. Ela, dela para referir-se ao feminino; ele, dele para o masculino; elu, delu para neutro.
3. Entenda que duas pessoas do mesmo sexo/gênero podem demonstrar carinho em público.
Expressar afeto em público é um direito de todas e todos e as leis são aplicadas de forma igualitária.
4. Use o termo correto quando for se referir ao casal em questão
Ao falar sobre seus clientes com outras pessoas, seja no trabalho ou até entre amigos, o ideal é usar a expressão casal homoafetivo. Se o cliente for um indivíduo, o correto é se referir como homossexual, bisssexual ou transgênero
5. Entenda o que é uma família homotransparental
É aquela família cuja composição existe ao menos uma pessoa que vivencie a orientação homossexual e/ou identidade de gênero trans. Pode ser composta por somente uma pessoa ou por um casal, cisgênero ou transgênero,
com ou sem filhos (biológicos ou adotados).

6- Procure entender qual a real necessidade do seu cliente
Atente-se para o fato de que em algumas vezes, para o público LGBTQIA+, um imóvel alugado ou comprado não é somente uma casa ou um apartamento. Às vezes, as pessoas estão em busca de um lar onde poderão recomeçar suas vidas com segurança e até mesmo mais tranquilidade. Evite dar sugestões preconceituosas, que enquadram o cliente LGBTQIA+ como festeiro e interessado somente em bairros agitados, ou, ainda mais grave, presumir que têm preferência por bairros onde já é predominante a concentração deste público.

Considere o fato de que é sempre necessário se especializar e se atentar a diversos conteúdos para estudar. Isso te fará muito bem enquanto profissional e, com certeza, transformará sua visão e forma de trabalhar enquanto corretor de imóveis. Não tenha medo de aprender, pois nós não nascemos sabendo de tudo, e com certeza, precisamos buscar o conhecimento para compreender e evoluir. De toda forma, esperamos que nossas dicas te ajudem a ser um corretor ainda melhor, compromissado com o respeito da diversidade e com o seu propósito de atender bem a todos e todas que lhe procurarem. Separamos alguns links para te apoiar nesse processo:
Manual de Comunicação LGBTI+ produzido pela Aliança Nacional LGBTI+
Dificuldades enfrentadas pelas pessoas LGBTQIA+
12 livros para estudar a história do movimento LGBTQIA+
Comentários