Plataformas digitais resgatam “economia da confiança”, por Daniela Klaiman
Futurista e especialista em tendências de consumo, Daniela Klaiman afirma que sites e aplicativos restabeleceram conexões entre as pessoas
O aumento populacional e a correria do dia a dia fizeram com que a relação de consumo mudasse muito ao longo das últimas décadas. Se antigamente era comum um lojista conhecer seus clientes, receber visitas em seu comércio apenas para conversar e fazer negócios na base da amizade e confiança, hoje as pessoas estão mais distantes. Durante palestra realizada no Conecta Imobi 2021, a futurista e especialista em tendências de consumo Daniela Klaiman disse acreditar que essa mudança gerou uma desconfiança generalizada no ser humano.
“A regra é: a gente não confia mais nos outros. Inclusive ensinamos isso para os nossos filhos, que não conversem com ninguém na rua, não aceitem nada de estranhos. A gente acha que não se deve confiar no ser humano, porque ele vai te enganar. Saímos de um aperto de mão e do olho no olho para a desconfiança nos seres humanos”, diz ela, que fez palestra na manhã desta terça-feira (19) no Conecta Imobi.
Daniela explica, porém, que o surgimento de novas tecnologias criou meios para a “validação de confiança” entre as pessoas e gerou novas conexões, que ela chama de “economia da confiança”. Como exemplo, a especialista cita o transporte individual por aplicativo. A pessoa pede um carro, não conhece o motorista ou as condições do veículo, mas acredita que a plataforma fez todas as checagens e se sente segura.
“Então, as plataformas fazem com que a gente volte a ter confiança no ser humano, é uma coisa muito transformadora. Isso traz um potencial enorme de negócios. Quando a gente usa a tecnologia para nos beneficiar de alguma maneira, começamos a ver um monte de histórias maravilhosas saírem a partir disso.“
A futurista cita muitos pontos positivos dessa evolução, como o impulsionamento de vários setores e a geração de novos empregos e oportunidades de empreendedorismo. “Com essa geração de confiança e as pessoas conectadas umas às outras. Se eu tenho algo a oferecer, seja uma carona, uma hospedagem ou um doce, consigo uma plataforma com milhões de interessados no meu produto ali do outro lado”.
Para Daniela, foi uma maneira de formalizar muitos negócios e incrementar a economia. “Por isso estamos vendo empresas conquistando valores muito altos, porque elas conseguiram juntar uma grande quantidade de pessoas dentro de uma plataforma onde existe confiança. Essa talvez seja uma das grandes sacadas do futuro, que vai fazer empresas subirem ou caírem”.
Velhas novas tecnologias
Daniela Klaiman afirma que as chamadas novas tecnologias, que estão explodindo hoje, na verdade já existem há muito tempo. Ela cita como exemplos a realidade aumentada, a realidade virtual e a inteligência artificial.
“O que está acontecendo hoje é que todas as tecnologias saem do laboratório e vêm para as nossas vidas, nosso trabalho, nossos celulares, carros e casas. E estão com a melhor capacidade que atingiram na história. Ou seja, saíram dos laboratórios e estão na nossa vida. São todas as tecnologias juntas, em seu melhor momento. Por isso a gente sente uma velocidade muito grande nas coisas”.
Diante desse cenário, a especialista ressalta que, em todas as áreas, é preciso pensar em agregar serviços aos produtos, para que o negócio se mantenha relevante. Ela cita como exemplo um smartphone, que tem uma série de benefícios na palma da mão, “desmaterializados”.
“Façam isso também, se eu consigo desmaterializar completamente, vou tornar o serviço mais barato. Se é um produto, que eu não posso me desmaterializar, eu preciso começar a pensar em como eu posso vender coisas agregadas. Essa questão vai mudar muitos mercados e precisamos estar preparados para se adaptar”.
Veja todas as principais palestras do Conecta Imobi 2021
+Pesquisa DataZAP+ revela o que consumidores desejam em um imóvel ideal
+Conecta Imobi Academy se reposiciona como plataforma de educação
Lições com a pandemia
A futurista enxerga mudanças grandes ocasionadas pela pandemia vieram para ficar. Uma delas é o modo de trabalhar. Ela acredita que as empresas perceberam que o trabalho remoto ou híbrido faz todo o sentido, corta custos de transporte e a necessidade de companhias com sedes gigantescas.
“Talvez o ideal sejam mini sedes espalhadas, para que as pessoas possam trabalhar mais perto de casa se elas quiserem ir para o escritório. Vejo mudanças interessantes também no varejo, as lojas vão virar espaços de encontro, de socialização”.
Para a profissional, entraremos de vez no metaverso, termo usado para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. “Isso tem muito a ver com o mercado imobiliário, novos mundos virtuais acontecendo, onde a gente vai poder visitar apartamentos. Precisamos começar a criar uma empresa para atender esses novos consumidores”.
Hábitos do futuro
Daniela Klaiman diz que é possível agregar na rotina ferramentas que ajudem na adaptação ao futuro, que deixam as pessoas mais conectadas às mudanças. “É criar o hábito de se desafiar a pensar no que vai ser o futuro. Acordar de manhã e ler, pelos menos, umas cinco ou seis matérias e ver como elas se conectam entre si e podem afetar o futuro do negócio”.
Ela indica jornais, revistas, séries de TV, tudo que possa agregar conhecimento. “Vá se desafiando o tempo inteiro. Tudo isso você vai juntando vai conseguir usar no seu planejamento, vai discutir com outras pessoas. É o que a gente chama de criação de cenários futuros”.
Confira essa e outras palestras do evento Conecta Imobi 2021 aqui no blog.
Comentários