Imobiliárias mudam exigências na tentativa de reduzir placas
Você está à procura de um imóvel para alugar. Gostou de um apartamento, mas para fechar o contrato precisa dar as conhecidas garantias – como ter um fiador (um cheque caução ou seguro-fiança), comprovação de renda, entre outras coisas. E é justamente a ausência dessas garantias que impede que uma casa ou apartamento vire o novo lar de alguém. Na tentativa de reduzir as placas de “aluga-se”, algumas imobiliárias começaram a mudar o jeito tradicional de fazer negócio. Em Brasília, no Distrito Federal, a novidade chegou para uma imobiliária há pouco mais um mês. A decisão foi bancar o seguro-fiança. “A ideia foi desburocratizar o processo de aluguel. Em geral, as pessoas têm renda, mas não têm fiador. Aqui em Brasília deu muito certo, pois temos um público enorme de pessoas que não são da cidade. Como elas teriam um fiador?”, questiona o diretor do Grupo Saad Imóveis, Ricardo de Souza.
No novo modelo de negócio, a própria imobiliária paga todas as taxas que a seguradora cobra, o proprietário fica como segurado e o seguro é válido ao longo do contrato. Funciona como uma apólice de seguro-fiança tradicional. A única diferença é que a empresa paga o prêmio do seguro (ou seja, o valor que o inquilino pagaria se o contratasse diretamente). Ao final, nem inquilino e nem proprietário precisam arcar com nada. No caso da Saad, a apólice é assegurada pela BNP Paribas Cardif.
No caso da imobiliária de Brasília, a chegada do seguro-fiança dispensou o departamento jurídico, a empresa investiu em tecnologia e diminuiu o espaço físico – não são necessários mais arquivos para que se guarde a papeladada do contrato, já que ele é digital, e fica guardado em uma nuvem. O ganho é o mesmo de sempre: o cliente/proprietário paga o primeiro aluguel para a imobiliária e mais uma taxa administrativa mensal, equivalente a 10% do aluguel. “Nossa intenção é que, até o final do ano, todos os contratos sejam neste molde. O mais difícil é convencer o proprietário mais antigo que é algo seguro para ele. Mas é uma tendência forte do mercado”, pondera.
Em São Paulo, a primeira empresa a aderir o seguro-fiança foi a Quinto Andar. Entre outras imobiliárias consultadas, o método ainda é tratado com desconfiança. Mas há sempre um “jeitinho” para fechar o negócio. A corretora da Maxlider Consultoria, Regiane Barros, diz que já convenceu um cliente a aceitar o pagamento de dois aluguéis no lugar de três, como é de praxe no conhecido “cheque caução”. “Quando eu vejo que a pessoa é honesta, que vai compensar, pode acontecer de fechar o negócio. A situação está muito crítica no mercado, e a gente acaba falando com o proprietário e ele aprova ou não”, conta ela.
O contrato informal é ainda mais comum quando não há imobiliária envolvida. Foi confiando na palavra da nova inquilina que a funcionária pública Silvana Carvalho alugou sua casa de três dormitórios na cidade de Valparaíso, em São Paulo. O imóvel ficou alugado por três anos, mas a antiga inquilina resolveu comprar uma casa. Para que não ficasse vazio por muito tempo, ela logo fechou negócio com um outro interessado, também sem garantias como fiador, seguro-fiança ou caução. “Funciona no clima de confiança. Acho que o inquilino retribui o voto cuidando muito bem do imóvel. E é sempre melhor que deixar a casa fechada”, conclui.
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