Diminuição da pandemia ajuda retomada econômica no Brasil
Diretora de Macroeconomia do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi afirma Governo Federal precisa fazer reformas estruturais e setor privado deve ser protagonista
O controle da pandemia vai ajudar o Brasil na retomada econômica em 2022. É preciso, porém, que o Governo Federal faça reformas estruturantes e ajustes fiscais para garantir menor custo aos empreendedores e maior geração de empregos. A opinião é da diretora de Macroeconomia do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi, que fez a palestra de abertura do Conecta Imobi, na manhã desta terça-feira (19).
O Conecta Imobi, realizado pelo ZAP+ e transmitido ao vivo pela internet durante três dias, até quinta-feira (21), é o maior e mais completo evento de tecnologia, marketing e vendas do mercado imobiliário na América Latina. Uma das principais palestrantes, Ana Paula traçou um panorama do atual cenário macroeconômico e falou sobre as projeções do mercado para 2022.
“Temos uma recuperação rápida da pandemia, condições de levá-la à frente e começar a falar no pós-pandemia. O Brasil precisa resolver problemas que foram acirrados durante esse período. Estaremos com uma taxa de desemprego na casa dos 13,5% até o final de 2022, por isso precisamos de uma economia mais leve, com menos custos de transação para quem quer inovar, empreender, produzir”, diz ela.
Ana Paula acha fundamentais os incentivos para a produção no Brasil e a segurança jurídica no ambiente de negócios. “Isso para que a gente possa vender muitos imóveis, porque temos um déficit habitacional muito grande no Brasil. Que possamos vender muitos carros, para que as pessoas possam responsavelmente fazer o uso, diante do desafio da energia limpa”.
Reformas estruturais são desafio
A diretora do Santander lembra que a inflação preocupa o país, porque deve fechar em 9% este ano, desacelerar no ano que vem, mas só atingir patamar razoável em 2023. Isso fará com que a taxa básica de juros, a Selic, também fique alta, chegando a 9% no início de 2022, o que prejudica empréstimos e financiamentos imobiliários.
“Estamos com um desequilíbrio fiscal no Brasil que está nos custando caro. Se a gente conseguisse antecipar as reformas (seria importante). Uma reforma tributária, que realmente traga uma eficiência maior para a economia brasileira. Uma reforma administrativa para tornar o estado mais eficiente e ajudar na eficiência geral da economia”.
Ana Paula afirma, ainda, que é necessária uma grande mobilização educacional em favor da aprendizagem no Brasil, para que os trabalhadores estejam mais bem preparados para o futuro, principalmente em termos de transformação digital.
“A gente tem uma sociedade muito desigual, que precisa de políticas públicas efetivas, que olhem a escassez de recursos. Temos avançado, fizemos uma reforma da Previdência, super importante, que ajudou a puxar a taxa de juros para baixo. Mas a gente não pode brincar com as contas públicas brasileiras, essa é uma variável chave para uma macroeconomia organizada”.
Ela acredita que o Brasil precisa avançar na abertura comercial, para ter mais acesso ao que é globalmente produzido e estar preparado para a transformação energética. “É muito importante que a gente coloque o setor privado como protagonista do desenvolvimento. Mas o Estado é importante, porque tem instrumentos para fazer a estabilidade monetária e promover uma maior competição dos mercados internos, reduzindo riscos”.
Veja todas as principais palestras do Conecta Imobi 2021
+Plataformas digitais resgatam “economia da confiança”, por Daniela Klaiman
+Conecta Imobi Academy se reposiciona como plataforma de educação
Equilibrar as contas
A representante do Santander explica que o Brasil foi um dos países que mais gastou recursos públicos proporcionalmente ao PIB durante a pandemia, o que aumentou a percepção de risco do País.
“Temos um problema fiscal sério, vivemos em déficit há oito anos. Precisaríamos fazer algum superávit nas contas públicas brasileiras, para que a gente possa equilibrar a dívida pública, que ronda na casa dos 80% do PIB. Isso é muito mais alto do que a média dos países emergentes”.
Confira essa e outras palestras do evento Conecta Imobi 2021 aqui no blog.
Comentários