Construção de imóveis com impressão em 3D é realidade, mas está distante do Brasil
28 de julho de 2017
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Quando se fala em impressão em 3D, um imóvel não é a primeira coisa que vem à cabeça. Mas as construções de casas e até prédios inteiros a partir dessa técnica já saíram do papel há alguns anos, e agora passam por um processo de aprimoramento em vários lugares do mundo. No Brasil, porém, o assunto ainda é pouco conhecido.
A técnica conhecida por Contour Crafting, que significa Construção por Contornos, foi idealizada pelo professor de engenharia iraniano Behrokh Khoshnevis, que leciona na University of Southern California, nos Estados Unidos. O modelo foi apresentado ao mundo em meados de 2013.
Uma das inspirações do professor para o desenvolvimento do projeto, que utiliza apenas máquinas controladas por computadores em um canteiro de obras, foi a destruição em sua terra natal, ocasionada pelas guerras. Com a impressão, o processo de reconstrução se torna muito mais rápido.
Na prática
A possibilidade de ter construções feitas por máquinas e com a premissa de agilidade no processo, redução de gastos e desperdício de materiais, além de maior segurança aos trabalhadores e sustentabilidade, fez com que empresas começassem a investir na técnica. Tanto é que imóveis já foram erguidos na Rússia, China e Catar, por exemplo.
A China foi a pioneira na construção em 3D do primeiro prédio residencial, com cinco andares. Porém, neste caso, as peças foram confeccionadas sob medida, utilizando os moldes impressos. Uma opção que tem sido bastante usada nesse segmento.
A empresa americana Apis Cor foi responsável por erguer uma casa de 37 metros quadrados a um valor de R$ 31 mil, em menos de 24 horas. A economia do empreendimento chegou a 70% e somente o acabamento foi feito da maneira tradicional.
O Catar, conhecido por seus enormes edifícios, não ficou fora da lista e foi o primeiro país a ter um prédio comercial feito em 3D. A unidade de 250 metros quadrados fica em Dubai e levou apenas 17 dias para ficar pronta, ao custo de R$ 497 mil. A empresa responsável estima que tenha conseguido economizar até 80% na obra.
Distante do Brasil
No Brasil, porém, essa tecnologia ainda está em fase embrionária. São protótipos e estudos sobre a técnica, que pode vir a ser usada no futuro. Na internet é possível encontrar algumas startups, que começam a desenvolver seus projetos, mas sem muita mídia ou repercussão.
Mesmo as entidades que respondem pelo segmento da construção civil não mostram domínio ou conhecimento suficiente sobre o Contour Crafting.
Estudantes de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), que fazem parte da primeira Empresa Júnior de Engenharia do Brasil (Poli Júnior), acreditam que a produção de imóveis utilizando a impressão 3D deve demorar um pouco para acontecer.
“No País, o tema é pouco difundido, não temos nenhuma máquina 3D. Encontram-se alguns protótipos em algumas universidades, mas nenhuma foi usada para construir uma casa ainda”, diz Juliana Alvez, gerente de projetos da Poli Júnior.
Segundo ela, a técnica é muito usada na China e sem dúvida a obra é finalizada bem rápido. “No entanto, conversando com professores da Escola Politécnica, do Departamento de Construção Civil, eles acreditam que a tecnologia da impressão 3D mostra-se promissora se for usada para construir moldes que receberam o concreto e não para concretar uma parede diretamente”.
Outra questão que também torna inviável o negócio no Brasil, de acordo com Juliana, é o custo. Apesar dos envolvidos no segmento garantirem que o gasto é menor, por aqui o material utilizado neste processo ainda é caro.
“Para construir usando uma impressora 3D, é preciso empregar um concreto com características diferentes do usual. Esse concreto é mais caro e, quando no estado fresco, permanece no lugar (como uma massa sólida). Também não temos máquinas, com isso o custo de importação inviabilizaria a construção”.
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