Comportamentos de consumo que mudaram com o coronavírus
A pandemia causada pelo coronavírus trouxe restrições ao funcionamento de vários segmentos. Restaurantes, lojas, companhias aéreas e de ônibus são alguns dos exemplos de negócios que tiveram que se adaptar à realidade imposta pela COVID-19. Em paralelo, as pessoas continuam comprando, mas pesquisas mostram que seus comportamentos de consumo mudaram.
Neste post apresentaremos dados de levantamentos internacionais que estão acompanhando as tendências de compras das pessoas em diversos países, entre eles o Brasil. Focaremos nos números relacionados ao comportamento dos brasileiros. Você vai encontrar dados relacionados a consumo dos seguintes segmentos:
1 – Alimentação
2 – Turismo
3 – Higiene
4 – Mídia
Nossas fontes são:
- McKinsey & Company, empresa de consultoria de gestão que atua em diversos países do mundo
- GlobalWebIndex, empresa internacional de pesquisa de mercado
- Nielsen Media Research, empresa global de informação, dados e medição
Confira!
Como os brasileiros tendem a se comportar
Antes de começar, vamos dar uma olhada na tendência geral de comportamento das pessoas. A Nielsen identificou seis etapas de comportamento de consumo com base em outras situações de pandemias e do que está acontecendo pelo mundo. As prioridades das pessoas mudam no decorrer de cada uma delas.
Já focando no Brasil, a pesquisa da GlobalWebIndex realizada em 17 países mostra que para 78% dos brasileiros a atual preocupação é adiar grandes compras (como carro e férias). Na sequência aparece reduzir compras que faz no dia a dia, sendo uma ação importante para 58% dos entrevistados.
Abaixo mostramos uma tabela com todas as opções apresentadas pela pesquisa e os números do Brasil.
O que você fará por causa da pandemia? | Brasil |
Adiar grandes compras (carro, viagem) | 78% |
Reduzir compras que faz no dia a dia | 59% |
Esperar que produtos entrem em promoção | 40% |
Reduzir compromissos financeiros regulares (exemplo: assinatura de algum serviço) | 38% |
Usar economias | 31% |
Procurar por opções de pagamento flexíveis | 28% |
Comprar mais no cartão de crédito | 20% |
Pegar um empréstimo | 7% |
Na imagem abaixo mostramos os dados de cada um dos 17 países participantes da pesquisa. No final desse texto você encontra o nome dos países e suas respectivas siglas.
Alimentação
Lanches, delivery, bebidas alcoólicas
A McKinsey & Company pesquisou a intenção de compra das pessoas durante esse período de isolamento. Em relação à alimentação, os brasileiros estão mais dispostos a economizar do que comprar:
- 51% não querem gastar dinheiro com bebidas alcoólicas e só 13% comprariam mais bebidas;
- 44% querem economizar com delivery, mas 28% estão dispostos a pedir mais comida em casa;
- 40% dos participantes da pesquisa querem gastar menos com lanches, enquanto 15% afirmam que gastariam mais.
Mercado
Já em um movimento contrário, os brasileiros esperam gastar mais dinheiro com alimentos essenciais para as refeições. Entre os entrevistados, 39% responderam que tinham a intenção de comprar mais comida. Apenas 16% afirmaram que gastariam menos.
Na pesquisa da McKinsey & Company, essa foi a categoria que mais teve aumento na intenção de compra. É importante lembrar que os países que adotaram o isolamento determinaram que supermercados podem continuar funcionando normalmente por serem um serviço essencial para a população (assim como farmácias).
Turismo
Viagens/Férias
Nas pesquisas que analisamos, viagens e férias são o investimento que os brasileiros mais estão deixando de fazer por causa do coronavírus. Para 39% dos participantes do levantamento da GlobalWebIndex, o turismo não é uma prioridade. A mesma pesquisa mostra que com o passar do tempo cresce o desinteresse em viajar.
Já na pesquisa de intenção de compras da McKinsey & Company, 88% dos brasileiros pretendem gastar menos com hospedagem. Apesar desses números, para os participantes da pesquisa da GlobalWebIndex viagens e férias serão o investimento prioritário entre as compras que tiveram de deixar para depois por conta do coronavírus.
Qual compra você vai priorizar primeiro? | Brasil |
Férias/viagens | 19% |
Roupas | 16% |
Voos | 13% |
Eletrodomésticos | 12% |
Smartphone | 12% |
Carro / veículo | 11% |
Notebook, tablet, computador | 11% |
Móveis | 9% |
Smart devices (exemplo: smart watch) | 3% |
Itens de luxo | 2% |
Seguros | 1% |
Voos
Como consequência do desinteresse em viajar e tirar férias, a procura por voos também não está em alta na intenção de compra dos brasileiros. Entre os respondentes da pesquisa da McKinsey, 84% pretende gastar menos com voos domésticos (aqueles que as partidas e chegadas ocorrem dentro do próprio país).
Dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo mostram que em 2019 os voos domésticos corresponderam a 71,3% das decolagens no mundo
A organização também prevê que a epidemia do coronavírus vai trazer para o setor um impacto cinco vezes maior que o da crise financeira mundial de 2008. Para se ter uma ideia da importância do setor do Turismo para o mundo, o segmento foi o terceiro a colaborar com o crescimento do PIB mundial em 2019, ficando atrás apenas das áreas de Comunicação e Serviços Financeiros.
Apesar do desinteresse por voos ter crescido, a compra de passagens é prioridade para 13% dos brasileiros assim que a crise do coronavírus passar. O interesse fica atrás apenas de tirar férias e viajar e comprar roupas. Os números estão destacados na tabela da seção anterior, Viagens/Férias.
Higiene
Higiene pessoal e limpeza
Um destaque dessa categoria é o álcool em gel. Em um levantamento realizado pela Nielsen assim que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia e após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil, as vendas desse produto nas lojas físicas cresceram 623% e 310% no online.
Das 32 categorias de produtos apresentadas na pesquisa de intenção de compras da McKinsey, 22% dos brasileiros esperam gastar mais com produtos de higiene e cuidados pessoais. Junto com alimentos (que falamos no início do post), essa é uma das únicas cinco categorias com mais pessoas tendendo a comprar mais do que reduzir gastos.
Mídia e Entretenimento
Vídeos
A pesquisa da GlobalWebIndex procurou saber o que as pessoas mais estão fazendo dentro de casa. Assistir a vídeos é a atividade mais popular entre os brasileiros durante esse período da pandemia:
- 61% dos entrevistados têm passado mais tempo no YouTube
- 59% assistem os programas e filmes de serviços de streaming, como Netflix
Essas duas atividades continuarão populares com o fim da pandemia, mas terão sua prioridade invertida:
- 30% afirmam que vão continuar assistindo programas e filmes de serviços de streaming, como Netflix
- 28% vão continuar navegando no YouTube
Brasileiros no YouTube
Não há dúvidas de que o YouTube é o maior e mais popular site de vídeos online. A plataforma também é o segundo maior buscador da internet, perdendo apenas para o Google, e ambos são a mesma empresa.
Agora, por que as pessoas procuram o YouTube? Um levantamento do próprio site identificou quatro grandes motivações que levam os brasileiros a assistir vídeos na plataforma.
A maioria espera encontrar entretenimento no site. Além disso, 5 em cada 10 pessoas pessoas afirmam usar o YouTube todos os dias e 4 em 10 afirmam usar 3 ou mais vezes por semana.
Redes sociais
Depois de vídeos, os brasileiros afirmam que vão passar mais tempo nas redes sociais:
- 56% usarão mais aplicativos de mensagens instantâneas, como WhatsApp e Facebook e Messenger
- 55% vão acessar mais o Instagram, Facebook, entre outras redes sociais
Essas atividades ainda ficarão presentes na rotina dos brasileiros depois da pandemia:
- 25% continuarão a ficar mais tempo em aplicativos de mensagens instantâneas
- 22% ficarão mais tempo nas redes sociais
Brasileiros nas redes sociais
O Brasil já é um país que passa bastante tempo nas redes sociais. Outro levantamento da GlobalWebIndex feito com 45 países mostrou que os brasileiros só perdem para os filipinos. A média do Brasil nas redes sociais é de 3h45, enquanto os cidadãos das Filipinas ficam 4h01.
Confira abaixo todas as atividades citadas pela pesquisa:
Atividades sendo feitas em casa/consumo de mídia | Porcentagem de pessoas que estão fazendo mais essas atividades durante a pandemia | Porcentagem de pessoas que dizem que vão continuar fazendo mais essas atividades depois da pandemia |
Assistir mais vídeos no Youtube | 61% | 28% |
Assistir mais streaming | 59% | 30% |
Ficar mais tempo em aplicativos de mensagens instantâneas (WhatsApp, Messenger) | 56% | 25% |
Ficar mais tempo nas redes sociais (Instagram, Facebook) | 55% | 22% |
Assistir mais notícias | 54% | 23% |
Passar mais tempo no computador ou videogame | 46% | 18% |
Passar mais tempo usando plataformas online de aprendizado | 45% | 22% |
Escutar mais aplicativos de streaming | 42% | 21% |
Passar mais tempo em aplicativos | 42% | 13% |
Assistir mais TV aberta | 42% | 15% |
Passar mais tempo socializando com a família | 39% | 20% |
Ler mais livros ou ouvir mais audiobooks | 38% | 23% |
Passar mais tempo em hobbies | 35% | 15% |
Passar mais tempo cozinhando | 35% | 16% |
Criar/postar vídeos no Youtube | 23% | 10% |
Passar mais tempo ao telefone falando com outras pessoas | 23% | 8% |
Escutar mais podcasts | 21% | 12% |
Escutar mais rádio | 21% | 10% |
Ler mais jornais | 17% | 7% |
Passar mais tempo usando plataformas online de aprendizado para seus filhos | 14% | 6% |
Ler mais revistas | 13% | 5% |
Praticar mais esportes | 11% | 5% |
Nenhuma das opções | 2% | 10% |
Como o brasileiro vai comprar?
E depois que a pandemia passar, como os brasileiros vão preferir consumir? Comprar mais online é a preferência de 42% dos respondentes da pesquisa da GlobalWebIndex. O online também continuará como preferência de pesquisa de produtos antes de visitar as lojas para 36% dos brasileiros.
Formas de comprar que o brasileiro vai manter pós-pandemia | Porcentagem de pessoas que vão continuar comprando |
Comprar mais online para entregar em casa | 42% |
Passar mais tempo procurando online antes de visitar lojas | 36% |
Passar menos tempo dentro de lojas | 30% |
Visitar lojas menos frequentemente | 26% |
Comprar mais online dos produtos no catálogo da loja | 23% |
Nenhuma dessas opções | 19% |
Fazer mais uso de autoatendimento | 14% |
Sigla dos países da pesquisa da GlobalWebIndex
País | Sigla |
Austrália | AU |
Brasil | BR |
Canadá | CA |
China | CN |
France | FR |
Alemanha | DE |
Índia | IN |
Irlanda | IR |
Itália | IT |
Japão | JP |
Nova Zelândia | NZ |
Filipinas | PH |
Singapura | SG |
África do Sul | ZA |
Espanha | SP |
Reino Unido | UK |
Estados Unidos | US |
ALL | Média global dos 17 países pesquisados |
Essa foram as pesquisas que analisamos para entender o comportamento do consumidor durante esse momento de pandemia. Confira aqui todos os conteúdos que estamos produzindo voltados para o mercado imobiliário entender e lidar melhor com o atual cenário.
Denis Nunes
Jornalista do Grupo ZAP