5 tendências do SXSW 2023 para o mercado imobiliário
(Data Privacy After Roe v. Wade (L-R) Nabiha Syed, CEO of The Markup, Cecile Richards, Former President of Planned Parenthood, and Alexandra Reeve Givens, President & CEO of Center for Democracy & Technology – Photo de Renee Dominguez/Getty Images for SXSW)
Na edição deste ano, o SXSW – um dos principais eventos de inovação – deu atenção especial para temas que vão ditar o mercado mundo afora.
Pensando nisso, separamos para a audiência do Conecta Imobi cinco tendências abordadas no South by Southwest 2023 que podem ser aplicadas no mercado imobiliário.
Com a ajuda dos executivos da OLX Brasil – Flávio Passos, VP de Autos e Comercial, Rafael Constantinou, VP de Growth & Analytics Marketing, e Gábrielà Zañinetti, VP de Marketing -, fizemos uma curadoria de insights que vale a sua reflexão.
No evento, muito se falou sobre a tecnologia, se utilizada de forma ética e inteligente, pode ser uma grande aliada em vários segmentos, inclusive o de imóveis.
Ainda que a tecnologia e a inovação sejam ser alavancas para os negócios, seu uso merece atenção, transparência e segurança.
Como afirma Passos, “o fato é que o segredo está no equilíbrio. Abracemos o novo e tudo aquilo que pode tornar nossa vida melhor, mas não percamos de vista as coisas e pessoas essenciais da vida”.
Acompanhe conosco!
1- Inteligência Artificial
Sem dúvidas, a IA foi a grande estrela desta edição do SXSW. Em um dos painéis realizados, Ian Beacraft – CEO da Signal and Cipher e um dos maiores especialistas em metaverso do Vale do Silício -, afirmou que definitivamente tecnologia e inovação não podem mais estar apenas na área de TI, ou de transformação digital.
Maximizar a produtividade através da tecnologia e pensar constantemente em novas formas de fazer algo melhor é um papel de todas as áreas. As ferramentas estão cada vez mais acessíveis e, a partir de agora, o grande diferencial será saber tirar proveito delas.
Além disso, muito se falou também em “destruição criativa”, com impactos diretos em diversos empregos para posterior reconstrução na sociedade. Amy Webb, CEO do Future Today Institute e uma das atrações mais concorridas do evento, trouxe vários alertas e um certo catastrofismo em torno das IAs, ao apresentar o famoso Tech Trends Report, um relatório com 666 (número sugestivo) tendências.
Para a futurista, as IAs generativas vão se desenvolver em velocidade muito além da imaginada nos próximos anos e nos envolver de forma cada vez mais agressiva. A convergência entre Web3, Computação em Nuvem e Inteligência Artificial, segundo Amy, desencadeará uma reformulação dos negócios e da sociedade. “A internet como a conhecemos não existe mais”, declarou.
Webb desenhou dois cenários para o ano de 2033:
- O otimista tem IA centrada nas pessoas e gerenciamento de dados voltado para o bem comum, em uma configuração transparente e descentralizada, com o compartilhamento de dados opcional.
- Já o catastrófico é onde nossas pegadas digitais são constantemente transformadas em modelos, levando a curadoria e recomendações agressivas, em vez da verdadeira escolha do usuário. Nele, somos cercados por informações, e elas nos impedirão de obter o que realmente buscamos.
Qual dos dois cenários faz mais sentido pra você?
2- Sustentabilidade na moradia
O tema da sustentabilidade e ESG também estiveram muito presentes nessa edição.
Um dos painéis do SXSW 2023 com foco no mercado imobiliário foi, também, um painel made in Brazil: Housing Innovation for the Base of the Pyramid (Inovação Habitacional para a Base da Pirâmide).
Na sessão, foi trazido o dado de que mais de um bilhão de pessoas vivem em condições precárias de moradia, sem abrigo adequado. Isso equivale a 14% da população global. E, na América Latina, esse número é ainda maior, representando 1 em cada 4 pessoas.
Dado o contexto, Melguizo logo trouxe uma reflexão: “Onde essas pessoas vivem não são bairros violentos, são bairros violentados. Nós não estamos precisando de smart cities, e sim de smart societies, smart communities. Na construção das cidades, primeiro deve vir o projeto social, depois o projeto urbano”.
Para Lyra, parece inapropriado falar em tanta tecnologia enquanto algumas pessoas vivem nessas condições. Ele diz: “Tudo que está sendo falado aqui refere-se a planejamento, investimento social, a uma agenda estratégica para as cidades e para pessoas mais pobres. Se a gente não repensar o modelo de cidade, com uma nova era de grandes eventos climáticos que o mundo entra agora, que pode ser o novo normal, o Brasil continuará enterrando milhares e milhares de pobres por conta de omissão”.
Na palestra Net Zero Housing: do conceito à realidade, Joseph Wheeler (professor da Virginia Tech), Gene Myers (Presidente e Chefe de Sustentabilidade da Thrive Home Builders), Cheryn Metzger (Gerente de Programa Residencial da Pacific Northwest National Laboratory) e Eric Werling (Diretor do Departamento de Energia dos EUA) também trouxeram discussões interessantes, apontando soluções futuras que contribuirão para termos lugares mais sustentáveis e saudáveis para se viver.
Por exemplo, novas construções que são executadas para terem toda a energia consumida compensada por energia solar, geotérmica ou outra energia de fonte renovável. Os painelistas abordam que essas construções devem ser responsáveis por toda a energia que produzem, e não gerar déficit na emissão de carbono.
Para reduzir o desperdício, destacam-se construções pré-fabricadas, em um ambiente industrial, onde as principais variáveis podem ser controladas.
O foco é pensar em uma construção mais eficiente, rápida e sustentável e em cidades que vão além do seu papel organizacional, promovendo comunidades e qualidade de vida.
3- Comunicação autêntica
Ver o mundo acompanhado é sempre melhor do que sozinho. Essa foi a máxima que Josh D’Amaro, CEO da Disney, trouxe para Austin – cidade que recebe o SXSW. Quando as pessoas se divertem juntas, cria-se uma profunda conexão entre elas.
Se isso for feito de maneira presencial e em momentos de lazer, a conexão ganha proporções épicas. Claro que ele estava vendendo seu produto, mas a verdade é que a Disney tem tudo isso medido, provado — é o marketing de experiência cada vez mais efetivo e promissor.
Não foi o único conteúdo que tratou como a comunicação deve ser autêntica e centrada na experiência das pessoas.
Em outro conteúdo da agenda – Humanity in the Metaverse: What’s Design Got To Do With It? (Humanidade no metaverso: o que o design tem a ver com isso?)-, ficou o chamado para marcas: estejam onde as pessoas querem estar, não onde elas deveriam estar.
Porém, em um contexto tão complexo como o que foi apresentado ao longo de todo o festival, as pessoas querem estar em diversos espaços ao mesmo tempo. E este é o verdadeiro desafio das empresas: identificar seu lugar no mundo dos negócios, encontrar o que a faz autêntica e saber como atender e criar conexão com seu consumidor.
4- Atenção para o futuro do mercado de trabalho
Já falamos sobre ela, mas o conteúdo de Amy Webb é sempre esperado no SXSW. E também trouxe profundas reflexões sobre o mercado de trabalho. Para a pesquisadora, o futuro será de quem souber fazer as perguntas certas e não de quem tem as respostas.
A ideia transmitida por Amy é que as respostas estarão à disposição de todos, mas que saber extraí-las será o grande diferencial. A tendência de 2023, na sua visão, é o foco, saber ver o que se tem e achar as melhores respostas.
Já Ryan Gellert, CEO da Patagônia, e Hamdi Ulukaya, CEO da Chobani, abordaram em palestras diferentes o propósito das organizações e as tendências comportamentais da geração Y: como a relação desses jovens com o trabalho mudou e como eles enxergam os limites entre vida pessoal e profissional.
Horários mais flexíveis, home-office, escritórios imersivos, ações internas pensadas para engajar e promover interação entre times, reconhecimento estão entre as demandas dos profissionais do futuro que já pertencem ao mercado.
Tudo isso nos faz refletir: será que a minha empresa está preparada para os desafios do futuro e das próximas gerações?
5- É (mesmo) tudo sobre pessoas
O que todos estes conteúdos têm em comum? Nenhuma tecnologia sobrepõe o ser humano. Nossa felicidade não está nos hardwares e softwares. Está em nossas relações.
Para Gábrielà Zañinetti, esse é um dos grandes pontos de reflexão do SXSW desse ano. “Precisamos fazer jus aos nossos papéis dentro das empresas para que a gente colabore cada vez mais com o mundo que a gente vive – não importa a vertical de negócio que a gente esteja”, falou.
Com uma jornada complexa e cheia de impactos, no mercado imobiliário é ainda mais importante que a tecnologia seja usada para melhorar a vida das pessoas, enquanto mantemos um equilíbrio saudável entre a inovação e a conexão humana.
Em 2023, o SXSW trouxe importantes reflexões. E vale lembrar: somos nós quem fazemos as escolhas de como queremos viver e onde vamos atuar. Se dará melhor quem escolher ver o que há de bom no outro e saber fazer as perguntas certas.
E, você, o que pensa sobre os impactos dos avanços da tecnologia em nosso setor? Deixe suas impressões nos comentários!
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