Entenda quando a quitação do financiamento é um bom negócio
Para a grande maioria de brasileiros, a compra de um imóvel envolve uma etapa de financiamento imobiliário – seja para um imóvel novo, usado ou na planta.
O processo de avaliar as melhores condições e instituições para esse financiamento é uma etapa cujo suporte de um corretor de imóveis (ou outro profissional especializado) é extremamente útil.
Mas, e depois? Muitas dúvidas surgem principalmente quando se fala sobre a quitação do empréstimo. E para você, corretor ou corretora de imóveis, é um diferencial entender desse assunto para ganhar credibilidade e fortalecer o relacionamento com seus clientes a longo prazo.
Dito isso, conversamos com alguns especialistas para elucidar essa questão!
Dúvida: quitar ou não o financiamento imobiliário?
Quando a publicitária Camila conseguiu poupar o montante necessário para quitar seu financiamento imobiliário que duraria mais cinco anos, se deparou com o seguinte cenário: uma prestação mensal de R$1.500 que pesava no seu orçamento; mas, ao mesmo tempo, não teria desconto na quitação da dívida.
“Não tive qualquer desconto pagando antes do previsto, mas o banco não cobrou os juros futuros e eu me livrei da prestação. Ao final das contas, ficou elas por elas. Eu achei que deveria quitar”, relembra Camila.
A decisão de Camila passa pela cabeça de muita gente que financia um imóvel. Devo ou não quitar? Mas é preciso levar em consideração alguns pontos importantes:
Pontos importantes para decidir sobre a quitação
“É aconselhável que o cliente pense que o crédito imobiliário tem taxas mais baixas na comparação com outras linhas de crédito. Assim, se usar sua poupança para liquidar o contrato e posteriormente precisar de crédito, provavelmente pagará juros mais altos do que do financiamento habitacional”, diz o gerente regional da Caixa, Gilson Souza dos Anjos.
A diretora de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, Cristiane Magalhães, explica que quitar um imóvel reduz a parcela do financiamento do gasto mensal e pode aliviar o orçamento.
Por outro lado, a opção de não amortizar permite investir esse dinheiro em outros projetos de vida, ou mesmo investimentos, preservando a liquidez que sempre tem valor.
De qualquer modo, a decisão de amortizar ou não um financiamento imobiliário depende do momento do contrato em si e da avaliação pessoal do benefício de cada opção.
Como calcular se vale a pena quitar um imóvel
O financiamento imobiliário é uma modalidade que não possibilita desconto na quitação ou amortização e possui as melhores taxas de juros do mercado comparado à maioria das opções de crédito devido à garantia real.
“Quando o cliente antecipa o pagamento ele deixa de pagar os juros, taxas e seguro das prestações vincendas; o saldo devedor demonstrado para o dia já está livre de juros, taxas e seguro das prestações futuras”, finaliza Gilson.
Para entender, na ponta do lápis, se vale a pena quitar um imóvel, é preciso checar o chamado “CET”, o Custo Efetivo Total: trata-se de um valor que representa a soma dos custos cobrados na contratação do financiamento. Entre esses custos estão a taxa de juros, tributo (IOF), tarifa (TAC) e registros (despesas cartorárias e pagamento de serviços de terceiros no caso de financiamento de veículos).
CET = Custo Efetivo Total
CET = IOF + TAC + Taxa de juros + despesas cartorárias e outras taxas
“Se o CET for abaixo de 10%, eu não quitaria o financiamento. Se for maior, daí vale quitar ou abater. Atualmente é possível encontrar aplicações financeiras que vão dar mais de 10% ao ano de rentabilidade”, explica o fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil.
O profissional ensina que um dinheiro poupado pode ser usado de duas formas no financiamento: para reduzir o prazo de pagamento ou diminuir o valor da parcela:
“Se o orçamento está apertado, o melhor é reduzir a mensalidade”, sugere.
O que não entra na conta, mas precisa ser ponderado
Outra questão que deve ser avaliada é em relação à empregabilidade:
“Será que essa pessoa corre o risco de perder o emprego amanhã? Se a empregabilidade for baixa, vale pagar a conta. Se a empregabilidade é alta, eu sugiro manter o financiamento”, completa.
Outro ponto importante é o perfil de investimento do cliente: há quem tenha muita dificuldade para guardar ou investir dinheiro, há quem tenha facilidade em guardar dinheiro para investir; ainda, há quem prefira investimentos mais seguros ou mais arriscados. Tudo isso precisa ser considerado no momento de tomar a decisão.
Se seu cliente não tem um perfil investidor ou o Custo Efetivo Total não ultrapassa os 10% e a empregabilidade está segura, é muito provável que seguir o financiamento seja a melhor opção. Já se seu cliente tem uma vida profissional instável, ou ainda, se o financiamento foi feito sob condições ruins, é provável que a quitação seja um negócio melhor.
O mais importante sobre a quitação
No geral, todas as possibilidades de quitação do financiamento variam bastante de caso a caso; é preciso estudar bem para encontrar a melhor opção considerando a saúde da vida financeira, projeções para o futuro, e é claro, a possibilidade de que as coisas não caminhem exatamente como o esperado. Tudo isso, varia também de acordo com o perfil do cliente. Por isso, a melhor orientação é criar todos os cenários para dar clareza ao cliente sobre qual o caminho mais seguro a seguir.
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