A falta de água pode afetar o mercado imobiliário?
Ainda não há informações consistentes que indiquem que a falta de água possa afetar o mercado imobiliário, mas os profissionais e entidades do setor estão atentos a esse momento crítico no abastecimento.
O Secovi-SP (Sindicato da Habitação), por exemplo, tem promovido vários eventos com o objetivo de conscientizar síndicos e profissionais que atuam na gestão condominial acerca da importância do uso racional da água e a fim de propor alternativas para reverter o quadro de desperdício que, segundo a própria Sabesp, é bastante recorrente em condomínios.
Uma das recomendações de Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, é a instalação do hidrômetro individual nos condomínios. “Não é apenas uma questão de justiça nas contas de água. O objetivo é também começar a reverter o quadro de desperdício que poderá comprometer ainda mais o abastecimento. O problema é mundial, mas está se tornando dramático também no Brasil”, afirma.
Além disso, segundo Gebara, a conta de água responde, atualmente, pela segunda maior despesa da cota condominial. “Perde apenas para mão de obra e encargos”, disse o vice-presidente da área.
Para Gebara, a questão da água ainda não foi entendida e analisada em toda a sua grandeza. “Estamos lidando com um bem finito, em torno do qual as previsões são sombrias em futuro não muito distante, em todo o planeta. A água já é considerada, em termos globais, investimento com rentabilidade maior que gás e petróleo. Isso dá ideia de sua importância num mundo em que gás e petróleo são ícones”, avalia.
O presidente do Sindicato, Claudio Bernardes, citou alguns aspectos de um relatório publicado nos Estados Unidos, que mostra que, até 2030, teremos 8,4 bilhões de pessoas no planeta. Segundo o documento, 64% das pessoas viverão nas cidades, o que implicará em mudanças no padrão de consumo, planejamento de gestão urbana e uso de água.
“O relatório aponta que a água será um dos maiores problemas, podendo, inclusive, surgir conflitos hídricos no mundo”, pontuou, informando ainda que 168 países serão afetados pela desertificação, processo de degradação do solo agravado pela seca. Para Bernardes, o desenvolvimento sustentável é a chave para as comunidades de amanhã. “O projeto e operação de um edifício devem começar com a eficiência de água e energia. Nada disso vai adiantar se não contarmos com pessoas igualmente sustentáveis, ou seja, comprometidas e cientes com relação à preservação da água e do meio ambiente”, afirmou.
Conscientização
Desde fevereiro, o Secovi-SP está distribuindo folhetos e cartazes da Campanha Guardiões da Água para os condomínios, que traz orientações sobre economia de água e ações contra o desperdício, com várias dicas que podem ser colocadas em prática no dia a dia.
Em julho, a primeira turma do curso “Uso Racional de Água”, ministrado por técnicos da Sabesp na Universidade Secovi, contou com a participação de cerca de 70 funcionários de condomínios. Com quatro horas de duração, o curso contemplou o uso racional da água e conscientização de consumo; panorama atual de abastecimento; técnicas simples e objetivas sobre detecção de vazamentos em instalações hidráulicas e equipamentos economizadores.
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