A Dignidade do Morar vai além das 4 paredes: é sobre transformação social
Dando continuidade à causa de marca lançada no ano passado, o grupo OLX apresentou um painel sobre ações e projetos relacionados à Dignidade do Morar no Conecta Imobi 2023.
Com as participações de Milene Alba (owner da VIVA Arquitetura), Bruno Poá (líder de projetos na Gerando Falcões), Ciro Biderman (professor da FGV) e Marcos Leite (General Manager de Imóveis e CMO no Grupo OLX), a Dignidade do Morar foi tratada sob as perspectivas de negócio, políticas públicas e transformação social.
Milene Abla abriu o painel já com uma reflexão: normalmente, os números de déficit habitacional são tratados apenas como necessidade de produção habitacional massiva, mas não é só isso.
“Talvez, trazendo esse tema – Dignidade do Morar -, a gente consiga enxergar que, do outro lado, existem pessoas que são as pessoas mais carentes da sociedade e que mais demandam o nosso apoio em enxergar o lado social do tema”, introduz.
Moradia digna não é um privilégio, é um direito
Com trabalho focado em desenvolvimento social e combate da pobreza nas favelas, Bruno Poá fala sobre a visão de dentro das comunidades e como a causa de marca escolhida pelo grupo OLX é relevante nesse aspecto.
“Uma pobreza que a gente entende muito é a pobreza do morar. Falta de dignidade, a gente entende que é um tema muito importante e que, muitas vezes é visto como privilégio, mas tem que ser visto como um direito. A dignidade do morar vai além das quatro paredes. A nossa grande luta é transformar as quatro paredes num verdadeiro lar”, diz Bruno.
De acordo com o representante da GF, tratar de uma moradia digna vai muito além da transferência de renda, que, na teoria, é a saída “mais simples” nesse cenário.
“É fazer com que as pessoas se desenvolvam e trans aquela residência num lar, onde tenham acesso a saneamento básico, educação, políticas públicas que façam a diferença na vida das pessoas”, explica.
Moradia digna é estar inserido no contexto urbano
Outro aspecto que deve ser levado em consideração – e com seriedade – na Dignidade do Morar é a localização da habitação.
Como afirma Ciro Biderman, esse é um “elemento muito importante e que os programas de habitação social em massa acabam não conseguindo endereçar também. Morar digno não é apenas ter uma casa com uma qualidade digna. Isso é, certamente, um dos elementos e não é nada fácil de fazer. Mas, além disso, as pessoas precisam estar na cidade. Faz parte da dignidade estar inserido na cidade”, fala.
E foi pensando nisso que o Grupo OLX definiu a Dignidade do Morar como causa de marca. A partir de dados levantados pelo Datazap, a organização percebeu que o match entre os seus portais imobiliários e essa causa é muito forte – e reforça que a presença do setor privado nesses cenários faz toda a diferença.
“Sem o investimento do setor privado, principalmente a gente tendo marcas muito importantes desse setor, como ZAP e OLX Imóveis, com o nosso investimento e a nossa plataforma, a gente poderia fazer uma diferença muito grande pra essa causa. A importância de usar a força que a gente ganhou nos últimos anos pra a gente fazer algo para a sociedade”, abordou Marcos Leite.
A produção de moradia é multidisciplinar
No papo, que rolou no 1º dia do Conecta Imobi 2023, foi discutido que para encontrar soluções para o déficit habitacional do Brasil, as iniciativas públicas e privadas precisam trabalhar de forma conjunta e multidisciplinar.
Apenas dessa forma, é possível entender a pessoa que está do outro lado e que é o público-alvo dessa moradia.
“Às vezes, essa pessoa não está acostumada a viver dentro daquele contexto. Então ela também tem que aprender seus deveres e obrigações e como se opera dentro desse contexto”, explica Milene.
Como os moradores podem colaborar para que o mercado imobiliário atenda às demandas da comunidade?
Atualmente, existem 6.000 favelas no Brasil. Para ter informações e subsídios para que a produção do mercado imobiliário seja mais assertiva às demandas das comunidades, é preciso ouvir as comunidades e colocá-las no centro das decisões, como participantes ativos.
“Toda solução que a gente implantar no território são feitas assembleias, colocando o morador como centro, participando. Fazendo isso, você traz propriedade pra eles e eles entendem que fazem parte do processo, que não estão sendo usados pelo processo”, explica Bruno.
O líder da Gerando Falcões exemplifica com uma situação que ocorreu na chamada “Boca do Sapo”, uma favela localizada na cidade de Ferraz Vasconcelos/SP.
“Era um nome terrível porque ninguém quer estar na Boca do Sapo. E quando os moradores me trouxeram essa dor, eu pensei ‘Poxa, vamos mudar o nome da favela. Mas como fazer isso?’. Quem batiza os nossos filhos somos nós, então vamos mudar. Fizemos uma grande assembleia, de onde saíram cinco nomes. Montamos uma urna e batemos de casa em casa captando os votos”, esclarece.
E, após essa ação, o nome que venceu foi Favela dos Sonhos. Com a mudança, serviços – que antes não eram possíveis -, como Uber, 99 e a assistência social do município, passaram a chegar na comunidade.
“Quando a gente atrai ele através de laços de confiança, coloca o morador da comunidade no centro, a solução brota de dentro pra fora”, elucida Bruno.
Projeto oferece endereços digitais a favelas brasileiras
Uma ação ligada a causa de marca do Grupo OLX é o o projeto Plus Codes, que gera endereços digitais, simulando a um código postal, por meio de tecnologia do Google.
O endereço gerado por Plus Codes funciona também offline, está integrado ao Google Maps e pode ser usado para facilitar a mapear locais onde não há ruas ou endereçamento oficial.
Até o final de 2023, a iniciativa vai levar endereços digitais para outras 19 favelas do país. Essa é uma contribuição do Grupo OLX, por meio do ZAP, para levar uma moradia mais digna para as pessoas.
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