Empreender no mercado imobiliário brasileiro: uma missão difícil
Brian Requarth, fundador do Viva Real, compartilhou suas vivências e experiências
Para falar sobre a vida real de quem empreende no mercado imobiliário nacional, recebemos Brian Requarth, fundador do Viva Real e autor do livro “A real sobre empreender”, publicado pela editora Gente.
Brian esteve à frente da fusão do Viva Real com o ZAP Imóveis e também liderou o processo de aquisição do Grupo ZAP pela OLX, formando a OLX Brasil, a segunda maior fusão de empresas em 2020, num valor de 2,9 bilhões de reais.
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Um começo difícil
Brian Requarth nos contou um pouquinho sobre como foi o início dessa jornada e compartilhou dicas valiosas para quem quer empreender no mercado brasileiro e latino americano.
Quando Brian Requarth começou o Viva Real, a ideia de uma Proptech, Real Estate Tech ou Tech de imóveis ainda nem existia no Brasil. As dificuldades, como esperado, foram grandes: “Eu bati na porta de um monte de investidores. Perguntavam: Por que o Brasil? Por que agora? E fechavam a porta.”
Foram mais de 30 negativas de investidores — e nenhuma delas desanimou Brian. A solução que ele encontrou foi vender os seus próprios bens para investir na empresa. A partir daí, o VivaReal tracionou e mostrou todo seu potencial.
Fusão com o ZAP
Desde o início, Brian sempre respeitou a concorrência, numa disputa com bases éticas, com valores. “Eu sempre admirava o outro lado, nossa concorrência, mas sabia que em algum momento esses mercados sempre tem algum nível de consolidação.”
Pensando no mundo real, Brian faz uma analogia com restaurantes: para estar no cardápio é preciso sentar na mesa: “E então deu certo, essa fusão com o ZAP, e acabou sendo algo maior. Eu sempre sonhei grande, eu queria mudar o mercado”.
Formação da OLX Brasil
Parte do Innovator’s dilemma (dilema do inovador) desse desafio era deixar a visão de classificados, agregando a visão de transação, num cenário onde fosse possível equilibrar os dois modelos de negócio.
Afinal, a dinâmica do mercado imobiliário lança muitos desafios e quem não se atualiza, corre sérios riscos de não sobreviver aos modelos de negócio do futuro.
A formação da OLX Brasil, a partir da compra do ZAP, foi um caminho para atualizar o mercado e respirar a possibilidade de fusão entre modelos de negócio sólidos.
“Foi uma decisão clara para nós na época (…) os parceiros imobiliários são o centro do nosso negócio, a raiz (…) é preciso estar com esses profissionais, facilitar no que for possível”
O Dilema do Inovador
É mais fácil inovar quando o negócio está no começo, afinal se tem menos a perder.
“Quando você está começando faz as coisas mais loucas. Fizemos muitas inovações no começo do VivaReal, que talvez fosse muito arriscado de certo ponto de vista, mas não tínhamos nada, então fizemos coisas diferentes.”
É preciso se reinventar constantemente.
Basta olhar para as maiores empresas do mundo que você vê a necessidade de estar se desafiando e reinventando. Não é fácil, mas “cada empresa precisa se reavaliar, as coisas mudam rápido, se você não está repensando o que você está fazendo, você vai ficar para trás, isso é fato.”
Ambiente de fomento de startups na América Latina.
Pensando no que poderia fazer, como poderia ajudar e usar a sua experiência para reinvestir na próxima geração, Brian nos conta que começou a conversar com empreendedores.
“Isso gera movimento, resultado positivo para todo mundo. É um ciclo virtuoso quando você pode levantar a próxima geração.”
Brian Requarth
Quando começou, Brian ofereceu ajuda a muitos investidores em forma de orientação, compartilhamento de aprendizados e ajuda no que fosse possível.
“Queremos elevar a próxima geração de startups, não só no Brasil, mas em toda a América Latina, em todos os setores da economia que acredito que vão mudar nos próximos anos.”
Por que (não) América Latina?
A paixão pelo Brasil foi o pontapé inicial de Brian. No começo, apaixonou-se pela cultura, pela música, pela comida… Mas o que o fez ficar, de verdade, foram as oportunidades de negócio, pelo talento e pelos modelos interessantes.
Ele nos provoca a pensar: “por que não a América Latina? É uma região onde não tem todos os players globais pescando.”
Nesse mercado tão vibrante, Brian levanta um ponto de atenção sobre a importância de validar suas ideias:
“Antes do VivaReal, fizemos um monte de coisas que não deram certo, não tinha uma uma mentalidade de testar, de validar ideias. Eu gastei 9 meses construindo uma plataforma, e quando saímos a lançar o produto, ninguém utilizava; não se conectava com os clientes potenciais. Acho que no começo o básico é o time, a ideia pode mudar um pouco; quando o business plan está no papel, ele já não está atual”.
Para finalizar, nosso convidado também compartilhou uma valiosa dica de leitura: The hard thing about hard things, de Ben Horowitz. Mas lembramos também que o livro lançado por Brian, A real sobre empreender, traz um panorama da realidade brasileira sobre fazer negócios.
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