Eu tenho 28 anos e não leio mais jornais
Brincamos muito aqui no Guru do Corretor em relação à queda de investimento na mídia impressa, muito por seu baixo retorno e alto custo, mas entendemos o valor histórico que este tipo de veículo teve para o mercado imobiliário. Mas é passado! Muitos entendem a brincadeira, muitos não entendem nem a brincadeira nem a verdade por trás do humor.
Vou hoje dar meu depoimento, e juro, ele é neutro e é a minha realidade, são os meus hábitos de consumo de informação e parte do meu histórico pessoal/profissional.
Minha relação com o jornal
A primeira coisa que preciso dizer é: não leio mais jornal e não recordo da última vez que comprei (exceto quando precisei limpar a janela de casa – é sério). A última vez que peguei um jornal para tentar ler (acabei não tendo paciência de folhear aquele maço desengonçado de papel) foi quando minha primeira viagem de visita ao RS depois de vir morar em São Paulo em abril de 2013. Desembarcando no Aeroporto de Guarulhos e, indo ao guichê do AirportBus, vi que tinha Folha de S. Paulo de graça, aquela edição de domingo gigantesca, e eu nunca tinha lido uma Folha antes. Levei a Folha e suas folhas para o apartamento que tinha recém locado e, estando dormindo em um colchão de ar ainda, forrei o chão – sem ter lido.
Mas, engana-se quem pensa que eu não leio. Não é isto, eu leio e muito, inclusive a Folha e o Estadão, por exemplo. Só que os leio na internet – pela velocidade em que a notícia é reportada em relação ao jornal e pela experiência de leitura (além do custo zero). E também leio outros inúmeros blogs de notícias, marketing, tecnologia e afins.
Meu consumo de informação é online e isto desde os meus 16 anos, quando ganhei o meu primeiro computador e comecei a me interessar cada vez mais pela cultura digital. Mas se você pensa que sou um caso a parte, engana-se. Faça um exercício: olhe para os lados em um café, por exemplo, e veja quantos jovens e adultos com menos de 35 anos que estão com um jornal aberto lendo, e quantos estão grudados no seu tablet, notebook ou smartphone consumindo algum tipo de informação.
Sobre minha experiência para encontrar um imóvel em um local 100% desconhecido
Eu nunca tinha vindo para São Paulo antes na minha vida. Nunca. Ou seja, vir para São Paulo foi uma experiência nova em sua totalidade. E também tem o fato de eu nunca ter procurado um apartamento para alugar – pois morava com minha esposa na casa da sogra. Novidade por todos os lados. Eu estava em uma cidade grande e desconhecida, e precisando fazer algo que nunca tinha feito.
Bom, eu já havia trabalhado por quase 2 anos no marketing de duas imobiliárias no Rio Grande do Sul. Falava muito e diariamente com corretores, respirava e vivia a rotina agitada do mercado imobiliário. Mas nunca precisei de fato usar um site de imobiliária, fazer uma pesquisa no Google, desbravar o Google Maps para descobrir o bairro desconhecido, na perspectiva de um consumidor.
Quando se pesquisa, se pede opinião do cliente, se observa dados, como nós da imobiliária fazíamos, a experiência virtualizada que tínhamos é completamente diferente da prática – confesso que é próxima, mas o frio na barriga existe mesmo assim em relação ao estar fazendo a escolha certa, se o aluguel cabe no orçamento, se o bairro é o que parece ou o que o corretor me disse, enfim. Aí eu percebia o quão importante de verdade era para os nossos clientes o blog que mantínhamos para falar sobre decoração, sobre o bairro x ou y, etc.
Como eu precisava encontrar um apartamento em uma cidade desconhecida e sabendo onde era o local que eu iria trabalhar, meu reflexo foi de procurar próximo de lá (até mesmo por saber da fama de trânsito intenso e caótico de São Paulo). E assim o fiz no Google. Vou comentar algumas pesquisas que fiz e minhas impressões sobre cada uma delas.
Pesquisando por “imobiliárias em São Paulo”: me deparei com diversas imobiliárias que eu desconhecia e outras que, por ser do mercado, já me eram familiares. Acessei primeiro as que eu conhecia e fui fazendo minha pesquisa por bairro dentro do site delas e vi que não tinham uma grande quantidade de imóveis que me permitisse optar e conhecer ou saber mais.
A situação com as imobiliárias que eu não conhecia se repete em relação à quantidade de imóveis para minha pesquisa (e ela não era tão restrita assim). Muitos destes sites, não todos, eram visualmente feios ou tinham informações pobres sobre o imóvel. Isto é fato: um espaço que cause desconforto no cliente, seja sua imobiliária física ou site, é muito difícil que ele se sinta seguro e confiante na sua empresa. É natural – e ainda mais quando você não a conhece.
Pesquisando por “apartamentos em São Paulo”: neste momento minha pesquisa começou a afunilar e ficar mais refinada. E então fui encontrando outros caminhos para chegar ao meu apartamento em São Paulo.
E eu encontrei o que nesta pesquisa: portais de imóveis e imobiliárias. Quanto as imobiliárias, caí no mesmo cenário de antes sites bons e ruins e pouca variedade de imóveis diante da minha pesquisa.
Um adendo sobre a experiência com imobiliárias: não julgo ruim encontrar poucas opções, é natural e compreensível. Porém, encontrar entre 10 resultados de imóveis e 2 que me agradam em apenas 1 site é cansativo, pois repetiria este processo indo e voltando para o Google 5, 6, 10 vezes para encontrar outras imobiliárias.
Aí percebi o real valor de pesquisar em portais, pois é como se todas estas imobiliárias unissem forças para me ajudar a achar o que preciso. Partindo para uma visão mais ampla e analítica, o espaço de um portal democratiza minha opinião sobre as imobiliárias em relação ao site – lembra que disse que não me agradava e ficava com o pé atrás? Num portal a imobiliária pequena e a gigante tem o mesmo peso visual para quem está procurando – ou seja, se você não tem como investir em um site moderno e mais bonito, para mim não há distinção nesta parte.
A única distinção que percebi é a qualidade de descrições, fotos, características, etc.. E isto não refere-se ao porte da empresa, mas sim ao zelo que se tem com o que é oferecido ao cliente em formato de qualidade de imagem e texto.
Pesquisas em portais: quando constatei que os portais tinham realmente uma solução que atendia mais a minha necessidade de quantidade e qualidade de opções (e não é por que trabalho em um), segui minhas pesquisas por eles. Procurei em diversos portais, não somente no VivaReal.
O meu apartamento em específico eu não encontrei pelo portal VivaReal, mas sim através de um outro apartamento que encontrei nele. No caso, o apartamento que vi no portal aceitava somente fiador e a solução que eu procurava era depósito/caução ou seguro-fiança e então o corretor me apresentou outras opções e uma delas é onde moro hoje.
Bom, está é a minha breve história. Meu contexto na sociedade na era da informática como um jovem-adulto de 28 anos. Mas de que serve isto que falei, o meu depoimento?
A sociedade se recicla em suas gerações e a minha está ativa no mercado imobiliário como comprador, locador e daqui há alguns anos, como proprietário que vende ou que busca uma espaço maior para os filhos.
Se você, como corretor, imobiliária ou construtora, quer deixar sua marca na minha vida, que eu lembre de você, que eu pense na sua empresa ao indicá-lo para outro amigo ou parente é preciso que você esteja aos meus olhos. E eu não vou te encontrar no jornal, nem na revista, nem na televisão e tão menos no rádio.
Se você quer me encontrar, se quer encontrar os meus filhos no futuro ou os seus próprios filhos, esteja na web, crie raízes nela e aprenda a falar a nossa língua de cidadãos digitais do século XXI. Adeque-se ou seja esquecido com o passar dos anos por uma massa cada vez maior de potenciais clientes que você não tem acesso por “teimosia”, talvez.
Se você está lendo este texto já estamos em um bom caminho. Pois é aqui que minha geração está.
Quando quiser usar a “velha mídia”: use, mas ela deve fazer parte e sentido em uma estratégia que deve envolver a internet, seu site ou sua página no Facebook, por exemplo. Só na economia dos bits é que você terá capacidade de mensurar retorno do investimento realizado – o que não é possível ser feito com precisão em outras mídias.
Obrigado por me acompanhar até aqui. Acredite no poder da internet, pois é inegável que ela tem retorno superior à qualquer outra mídia que você utilizava anteriormente.
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