É hora de abrir uma imobiliária ou ser autônomo?
A crise econômica no Brasil atingiu diretamente o mercado imobiliário. Depois do “boom” entre 2011 e 2012, a retração afetou o número de vendas e de lançamentos. Além disso, o crédito restrito e os juros altos também são fatores que pesam negativamente. Especialistas alertam que o cenário voltará a melhorar, mas ainda a médio e longo prazo, e que dificilmente vai voltar a alcançar os números dos tempos de auge. Diante deste cenário, para quem trabalha no setor, fica a pergunta: vale a pena investir em uma imobiliária ou é melhor trabalhar como corretor autônomo?
Na verdade, o receio de fazer um grande investimento neste momento é válido para todos os setores da economia. E abrir um negócio próprio exige ter capital para investir e conhecimento de mercado para conseguir se manter. Não é uma tarefa fácil e, principalmente neste período em que o cenário é negativo, os cuidados devem ser redobrados. “Na crise, algumas oportunidades acabam surgindo. Mas, para ser empreendedor hoje, é preciso redobrar os cuidados porque é necessário ter capacidade financeira e também é importante estudar o mercado, já que, em linhas gerais, o ambiente não está propício para abrir novos negócios”, afirma o economista Marcelo Barros.
O primeiro passo é ter organização, estudar o mercado e analisar todas as possibilidades. Até porque esse processo inicial pode ser determinante para que o investimento seja sustentável. “É um momento de mercado difícil para qualquer tipo de investimento e, por isso, é preciso pensar várias vezes. De toda forma, o corretor bom tem que acreditar na sua capacidade. Se ele acredita que está pronto para investir, precisa pensar em tudo, na equipe, imóvel e manutenção. Os custos dependem do tipo e tamanho de imobiliária que ele quer abrir e eles são muito altos e permanentes”, reforça Elísio Cruz Júnior, presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE).
Por isso, apesar da recomendação de sempre buscar o crescimento em uma profissão que oferece muitas oportunidades, é preciso ter alguns cuidados, principalmente em relação ao orçamento. “É importante ter cautela. Abrir com caixa para ficar três meses cobrindo as despesas sem vender. Para quem não tem esse capital, é melhor ficar trabalhando como autônomo”, afirma Laudimiro Cavalcanti, diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Rio de Janeiro (Creci-RJ).
A atenção é fundamental principalmente porque o dinheiro que entra não é fixo e depende da produtividade e do movimento do mercado. Já os gastos vão sempre existir. “É importante ter conhecimento que, no primeiro dia de trabalho, ele vai ter a expectativa de quanto vai gastar, mas não vai saber quanto vai ganhar. E as obrigações existem de toda forma, como o pagamento dos funcionários, mídia e aluguel, por exemplo”, esclarece Elísio.
De toda forma, apesar do cenário não estar propício atualmente, a tendência é que o mercado se reorganize e não demore muito para se reestruturar. E quem conseguir se manter vivo, pode sair ganhando no futuro próximo. “O mercado imobiliário cresceu muito antes e agora está em uma fase de rearrumação da oferta. Muitas imobiliárias fecharam e as com maior musculatura e competitividade sobreviveram. Este é o momento de acomodar a oferta para adequar à demanda. E quem conseguir se manter, quando a economia se reaquecer, vai estar com vantagens”, afirma o economista.
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